CAMINHO DE VOLTA PRA CASA

Eu evolui.
De todas as vezes que fui humilhada, levo apenas a coragem de perdoar.

De todas as vezes que fui mal interpretada,
levo apenas o sabor do verdadeiro significado do que sou.

De todas as vezes que fui usada e esquecida, levo apenas amor suficiente para suprir esses espaços e ainda transbordar.

De todas as vezes que chorei pensando ter chegado ao fundo, guardo a sensação de olhar para o alto e acreditar na íngreme escalada.

De todas as decepções que tive, carrego as marcas da resiliência.

De todas as vezes que me deixei levar pela aparência de anjo com que o diabo me apareceu, acúmulo  estratagemas para não ser mais presa fácil.

De todos os caminhos que errei, cheguei a lugares ermos. Mas guardei a felicidade de retornar ao rumo certo e ainda sinalizar aos distraídos o perigo da estrada.

De todas as vezes que me calei, lembro-me do som dos passos discretos da sabedoria se retirando do motim como um monge.

De todas as vezes que fui fraca, levo a força que as feridas me proporcionaram.

De todas as vezes que me acusaram injustamente, levo a justa certeza de que os pensamentos do Criador a meu respeito não são corruptíveis.

De todas as pessoas com quem me contendi, guardo um pedido de desculpas sem respoosta.

De todas as pessoas que me afastei, deixo a explicação de que conheço a força destruidora de cada verbo, por isso preferi sentir dor, do que rebatê-la de volta.

De todas as vezes que fecho meus olhos, haverá um dia em que não despertarei e levarei únicamente a alma evoluída ou involuida pela experiência de viver.

E de todas as dúvidas que levarei comigo, não tornarei pra cá para dizê-las. Vou apenas desfilar pelos átrios do palácio de ouro do paraíso ou gemerei freneticamente entre as chamas do inferno.

De todas as emoções e pensamentos que despertei com minhas palavras, ficará apenas a muda lápide onde desejo escrever “Enfim terminei de ler o lira da minha
Humana existência.”

De todas as artes que conheci, a vida é a única que não pode ser abstrata e que no fim da história, o personagem morre
Independente do papel de mocinho ou vilão.



"Levarei unicamente a alma evoluida ou involuida pela experiência de viver."



 

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