POESIA EM LÁGRIMAS

Eu podia conter as lágrimas se eu quisesse,
Mas em nada me adiantaria,
Poupar o rosto das gotas de sal
Enquanto o coração se desfalecia,
Pressionado por uma dor quase fatal.

Mesmo se uma versão melhor eu fizesse,
Pra contar o motivo do meu pranto,
Tecendo letras de musica em notas de saudade,
Não passaria de coisas amontoadas num canto,
Sem brilho, sem ritmo, e sem suavidade.

O silêncio incomoda meu respirar,
As palavras não se acham,
Parece que tudo aos poucos perde a cor,
Eu encontro peças que não se encaixam,
Lembranças adocicadas e outras sem sabor.

Desmonto-me com o sopro do vento,
E lá se vai pensamentos sem sentido,
Suspiros sem motivo,
Por causa de um sorriso indefinido,
Meio direto e meio altivo,
Mas que sem querer foi correspondido.


Versos que não deveriam ser escritos,
Em uma poesia que não queria ser lida,
Mas eu fui insistente,
E o poema ganhou vida,
Enlaçado em uma dor parturiente.

Senti em mim, o vazio se alargar,
Repousei a caneta ao lado do caderno.
Não era a saudade que me invadia,
Mas desejei estar num abraço terno,
Para me aquecer do frio que sentia.

Quis beijar um soneto,
E o néctar das palavras degustar,
Decorar o sabor das rimas de cada estrofe,
Deixar o sentimento me arrastar,
E esquecer que poeta também sofre.


By Anaiad Hanuc



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