Afastaram-se as cortinas
De carne, que escondia
As pérolas preciosas,
E pontiagudas do teu riso.
Como sol sobre as campinas,
Orvalhadas ao nascer do dia.
Formando covinhas formosas
Tornando ímpar teu sorriso.
Arte mais bela que já emoldurei
Na galeria da lembrança minha,
Em valiosas exposições,
Exalando rimas e prosas.
Momentos que não esquecerei.
Nem sequer o tom que tinha
Suas filosofas explicações
Para as coisas desgostosas.
Até que se tornou mania
Procurar na face tua
O singelo sorriso puro,
Que se abria no teu falar.
É que eu precisa e não sabia
Daquela conversa pela rua,
Degustando o mais maduro
Fruto da amizade, ao luar.
E aos curiosos olhares,
Deixava-se o mistério no ar,
Se amigos ou irmãos.
Por certo que era parecido
Em detalhes peculiares.
Dos anéis do cabelo ao olhar,
E até a forma de mover as mãos.
Mas quem diria que na rua
Um compositor e uma dama,
Dedilhavam poesia e canto
Sobre as linhas de concreto?
De sorriso hasteado, e tua
Mão na minha pra jogar kendama
Despertando no íntimo o espanto
De quem nos via em secreto.
Mágia não era, e nem podia
Ser, aquele incrível efeito
Do equilibrio que exerce
Unindo extremos com ousadia,
Desafiando minha imaginação
Num movimento perfeito,
Que o brinquedo obedece
Como se tivesse o mesmo coração.
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