ROMPE-SE O INTEIRO, FICA-SE ÁS TIRAS

Dobrei cada esquina vazia
Chamando o nome teu.
Incontáveis ruas desertas...
Vi silhuetas onde nada havia.
O desespero pulsava no peito meu,
Jorrava em mim lágrimas secretas.

A esperança quase me escapou
No vão de cada pensamento
Entristecido que me invadia.
O sorriso aos poucos se dissipou
E sobre o gélido  pavimento,
Do meu ser, a solidão ardia.

Quase desisti de ser eu.
Por não ter-te comigo.
Pela falta que teu cheiro me faz.
E com cara de quem sofreu
Me sinto mendigo
Na sarjeta da solidão, tenaz.

Pálido, inciso
Sofrendo por demasia.
Minguando.
Indeciso.
Uma concha vazia.
Um galho se quebrando.

Vivo um jogo invertido...
Antes eu tinha alguém,
Enquanto muitos não tinha.
Agora está tudo perdido!
Veio o vento e me deixou áquem.
Em tiras, triste e sozinha.

Em círculos, eu caminho...
Por dentro sou labirinto.
Tenho ruas sem saída.
Casa vazia sou, sem teu carinho.
E de todas as dores que sinto
Me sufoca ser esquecida.

Num piscar de olhos, apagada
Da lembranças que contigo ajuntei.
Como se tivesses jogado fora
O tempo que me fizeste amada.
O que dizer?  Nem sei!
Se o sentimento vai embora.

Escreveste as pálidas palavras que li
Com amor mórbido e sem o efeito
Que bagunçava meu juízo.
Sangrou-me a alma quando senti,
O coração fora do meu peito
Partindo embusca d'outro Paradiso.

E se fosse amor, não partiria.
Não me deixava aos prantos
Com rimas esfareladas,
Em meio à fragilidade de uma poesia
Que amadureceu pelos cantos,
Com Estrofes nuas e arranhadas.

_____________ A.Hanuc

Comentários