O que fazer enquanto
o amor não vem?
Tudo parece frio.
Vivo em espanto,
Por não amar ninguém.
Ah, coração vadio....
Talvez devesse amar.
Deixar acontecer.
Se encharcar de beijos,
No espelho do luar.
Ir além do amanhecer.
Ultrapassar os lampejos.
Esgotar-se no rascunho
De belas canções.
Com cifras para violão
Bordadas a próprio punho
Longe das ilusões
Que estragam o coração.
Não escolha as palavras certas,
Não vai saber qual usar
Para explicar o que sente,
Em suas infinitas cartas.
Nem tente disfarçar
Quando o amor está ausente.
Eu sei quando ele não está.
Porque tudo fica turvo,
Embaçado.
E como será
Se num brilho fulvo
Ele for despertado?
Até a lua sabe amar.
Larga tudo e vem,
Se enfeita de prata,
Fixa sedução no olhar.
Não espera que alguém
De amor á farta.
Por si só já é o amor.
Se não for o faz nascer,
Nos rabiscos do poeta,
Nas pinceladas do pintor,
E nas lentes de quem for ler.
Se oculta na tempestade,
Mas se conserva leal,
E mesmo em pedaços
Carrega a felicidade
Em berço de cristal
Enfeitado por laços.
E ascende o anoitecer
Exuberante porém pálida,
Como moça recatada
Que quer esconder
Entre madeixas, a face cálida
Com ar inocente e desajeitada.
__________________ A.Hanuc
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