A MIOPÍA DAS PESSOAS


O QUE VOCÊ É?

No link anterior eu discorri sobre "Quem você é" e finalizei aconselhando o a ir além das cascas, mas aqui vou explicar o porque dessa frase. Lembra quando eu falei sobre a "polpa" das pessoas? Então, a polpa é também uma incógnita, o que eu chamo de "O que eu sou". Talvez alguém diga que a lente do meu óculos esteja meio engordurada por enxergar assim, ou talvez perceba o quanto a sociedade tem se tornado míope ao definir padrões de estereótipos como perfeitos ou imperfeitos.

Talvez eu escreva algum livro sobre isso, mas por hora prefiro apenas por meio deste texto filosofar um pouco sobre "O que você é". Ora, você é o que você se torna a cada dia (Bom, excelente, mal, péssimo ou detestável), o que você escolhe (ser, fazer, viver, crer, amar, estudar,acreditar...), o que você pensa, o que você sonha, o que você realiza, o que você deseja, o que você impõe como limite, o que você define ser, e para onde caminha; Você é simplesmente a soma disso tudo e mais algumas virtudes e defeitos que te fazem único na forma de existir.

Não é a limitação física que faz uma pessoa ser incapaz, ou inapta para algum cargo, tarefa ou outra realização. O que torna um ser incapacitado ou inapto é o que ele se tora a cada dia, baseado no que escolhe ser, pela forma como pensa, não alcançando suas realizações pelo modo como sonha, eliminando desejos pela forma como impõe seus próprios limites, tecendo uma definição fosca e caminhando para ela incansavelmente.

O que faz um Vencedor e um Perdedor é exatamente o mesmo cálculo. Se irmos além das limitações físicas, motoras e psicológicas de alguém chegaremos a um desses pontos por espontânea vontade ou por influência alheia. Isso mesmo, nós podemos influênciar nos outros todos esses pontos de forma suave ou impulsinada. Lembro-me que conheci na minha infância, uma adolescente muito bonita e doce que possuía alguma limitação psicológica da qual nunca tive ciência. Mas o fato que quero resaltar é que ela era perfeitamente capaz de fazer o mesmo que qualquer adolescente a não ser pelo triste fato de ter sido influênciada de forma a se ver incapaz para tudo. Esta bela jovem, tinha sido criada de forma  desordenada e sem nenhuma instrução, não permitindo que ela tivesse acesso a escolas, e outras atividades que a desenvolvessem. Com isso ela a limitação psícologica se tornou grave.

Mas também vi outros jovens portadores de síndromes mais raras e complexas, ou limitações mais graves conquistarem vitórias dignas de aplausos e sempre eu me lembrava da garotinha aprisionada no pequeno espaço que seus pais delimitaram. Ela não sabia fazer escolhas e quem podia fazer por ela também não estava capacitado.

Vi tantas outras pessoas que tinham tudo para não serem mais que um zero á esquerda, se tornarem vitoriosas pelo simples fato de traçarem dentro de si o que queriam ser, e lutaram com bravura. Sendo que a maior luta começou dentro de si mesmo para ir além da própria casca, achar sua polpa e entendê-la.

 Lembrei-me também do dia em que estava no meio de uma multidão no centro de uma cidade brasileira, quando uma mulher ao meu lado gritou apavorada, com o pescoço arranhado por ter sofrido um furto naquele exato instante. Antes de tentar acalmá-la busquei nos arquivos da minha lembrança a imagem do possível ladrão, visto que estávamos andando lado a lado na mesma direção, então o larápio teria que ter surgido em nossa frente, o que me dava alguma imagem de seu rosto ou aparência. Na minha lembrança não tinha nenhum perfil suspeito. Mas não se engane, o ladrão veio mesmo pela dianteira, e passou ao meu lado, ou melhor passou entre nós duas e de súbito golpeou o pescoço da mulher  levando a corrente de ouro. Só me lembrei de quem era o tal larápio quando ela disse "Aquele homem de terno e gravata que passou entre nós, me golpeou e levou a minha corrente."

Assustador ouvir isso, porque até então eu imaginava que o fulano deveria ser maltrapilho. Mas o que o diferia dos demais transeuntes na rua não era seu estereótipo e sim sua polpa. Suas escolhas insanas, podres por algum motivo. E o mais certo é que ele escolheu fazer aquilo por espontânea vontade ou por influência de alguma mania ou vício. Talvez ele teve outras opções para escolher além de furtar. Sempre tem mais de uma opção.

Será que elé gostava do que estava se tornando? Essa é outra escolha que ele poderia tomar em determinado ponto de sua vida. E você, gosta do que está se tornando? Caso a resposta seja negativa, redefina sua soma quantas vezes for preciso.

Seja a cada dia o que você quiser, baseando-se no que escolher ser, pela forma como pensa, alcançando suas realizações pelo modo como sonha; Realize seus desejos, imponha limites a si mesmo, tecendo uma definição nítida do que você quer ser, e caminhe para ela destemido.







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