"Ás vezes os escritores emprestam sua realidade para ser a ficção dos outros." Pois, nem sempre a dor, a paixão, a saudade, o amor, a admiração, o medo, a solidão, e a tristeza deles são só fantasias enfeitadas por rimas. Nem sempre o escritor sorri quando entalha no verso a alegria; Nem sempre ele está inteiro quando sua caneta contorna as bordas do cálice do amor; Nem sempre estão vazios com os olhos perdidos na névoa do horizonte esperando a poesia surgir. Ás vezes, eles fecham os olhos e encontram a escuridão mais densa dentro de si, e com a luz da esperança clareiam as escadas da inspiração, ou arregaçando as mangas góticas das vestes, varrem contínuos as folhas da tristeza até a alegria surgir meio amarelada ou empoeirada ao fundo.
Nem sempre escritores escolhem suas palavras a dedo, a maioria das vezes elas por si mesmas saltam de sua garganta e se encravam na ponta esferográfica da caneta. Ás vezes são só homens ou mulheres chafurdados de melancolia expressando com rigor e sem censura o que sentem, usando a linguagem da alma. Nem sempre os escritores têm a rara chance de amar verdadeiramente, por umas e por outras vírgulas e pontos em que tropeçam. Ás vezes, despencam de um parágrafo para o outro de suas vidas e quebram seus corações quase por inteiro, mas cada lasca do miocárdio deles é uma lira diferente; uma ficção e um romance.
É como se o escritor fosse um grão que a vida precisasse moer, para do farelo fazer poesias e contos. E alguns,... só alguns flutuam livremente no cosmos da fantasia.
Escritores não são pessoas incríveis, são talvez as mais feridas e introspectivas que já se viu. Talvez as mais sensíveis do universo, livres da miopia de sentimentos. Alguns nascem escritores, outros se descobrem escritores. Mas a origem não muda o fato de que eles vivem observando as coisas com lentes especiais dadas como dádivas pelo Criador. Ás vezes são bocas caladas com mãos calejadas de outro labor, mas que não conseguem dormir sem desenhar palavras nas linhas dos cadernos.
Escritores são um mistério da criação divina que nem suas próprias palavras os explicam.
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