UM POEMA PRA ELE

A imaginação tenta adivinhar
O tom castanho exato
Que pigmenta a tua íris.
E o gosto que de fato
Teu lábio úmido guarda,
Para a boca felizarda
Da singela dama parda.

E como se comportará o coração,
Ao ser despertado pelo som
vivo do teu timbre vocálico?
Não sair pela boca, já é bom.
Ainda que descompassado,
Que se mantenha calado
Entre as costelas acomodado.

Que farei de mim mesma,
Ao sentir teu cheiro,
Tocar tua pele, teu cabelo
No instante primeiro?
Não sei o que faço
Com o terno e quente laço
Do teu envolvente abraço.

Controlar o riso não sei.
É involuntário ao te ver,
E a respiração fica leve
Como brisa no amanhecer.
Não sei se grito ou calo.
Se silencio o ou falo
Sobre teu jeito raro.

Sobre as curvas fonéticas
De cada palavra que dizes.
Sobre as covinhas no rosto,
Quando estamos felizes.
Enquanto o sorriso se prende,
Se esforça, e surpreende.
Se alarga, e ao outro se rende.

E como ei de achar-te
Entre tantos mortais?
Transeuntes, coadjuvando
Meus contos reais,
De amor que inesperado chega,
De coração louco á grega,
De carinho que aconchega.

Como reconhecer o perfume
Nunca antes inalado
Entre tantos outros odores?
Como é estar ao seu lado?
Sem ensaios antecipados,
De cabelos desarrumados,
Dormindo ou acordados.

De mãos dadas pela rua,
Ou apenas te olhando
Concentrado sem me notar,
Nem sequer imaginando
Como é olhar pra você,
E de repente perceber
Que é tudo que quero ter.

Num querer sem egoísmo.
Pois amar é deixar liberto
O ser amado, para tê-lo
A cada segundo mais perto.
É voar junto no mesmo céu,
Erquendo o amor em troféu
Para dias açucarados ou em fel.

______A.Hanuc
















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